Alcoolémia XXVI anos - Entrevista a Pedro Madeira
Pedro Madeira é o quarto entrevistado dos Alcoolémia, nesta celebração e homenagem aos 26 anos de carreira da banda.
Vamos conhecer um pouco mais do Sr. Professor dos Alcoolémia.

RA - Apresenta-nos o Pedro Madeira.
PM - Olá sou o Pedro Madeira. Nasci em Lisboa (São Sebastião da Pedreira) no dia 27/07/79. Sou músico profissional desde os 20 anos. Tenho um estúdio de gravação e salas de ensaio. Sou professor de música. A minha infância foi passada numa freguesia de Almada chamada Laranjeiro
RA - Quais as tuas influências musicais?
PM - Apesar de gostar de "tudo" a nível musical, identifico-me mais com o rock, principalmente do anos 60, 70.
RA - Como vês a actualidade musical? O Rock é, hoje em
dia, um nicho de saudosistas?
PM - Não, de todo, não é por nada que todas as grandes
bandas rock continuam a encher estádios e grandes salas por todo o mundo.
Apesar de estarmos a viver numa altura onde o que predomina mais é o pop, soul,
hip hop, rap, o rock com certeza não irá acabar. Cada um tem o seu espaço
próprio.
RA - As plataformas digitais, o facebook, o YouTube, são uma forma de chegar a mais público e a novo público. Como é que isso impacta, se é que impacta, nos Alcoolémia?

PM - Como em tudo na vida, a evolução traz coisas boas e coisas más. Uma das coisas boas que trouxe foi podermos chegar a mais pessoas através das redes sociais e até falarmos com pessoas que gostam da nossa música. Os artista ficaram mais perto do seu público. Uma das desvantagens que vejo, é haver muita oferta, toda a gente agora grava um disco em casa, e lança, antigamente não era assim. Precisava-mos de uma editora, de um estúdio, produtor, etc, etc. Hoje em dia está tudo mais banalizado.
RA - Trouxe alguma alteração ao público que vai aos vossos concertos?
PM - Não tenho muito a noção, felizmente temos tocado sempre para bastante publico.
RA - És professor de música. Como é que é ser guitarrista dos Alcoolémia e professor de música, num contexto como o actual, em que a música rock não é a música que os miúdos ouvem hoje em dia?

PM - Calhou ser professor de música por mero acaso, apesar de ter o curso nunca exerci. Em 2009, a pedido de uma amiga que era directora de uma escola, aceitei o desafio e fui ficando até aos dias de hoje. No caso dos meus alunos, todos eles ouvem rock (risos), não por obrigação mas pela curiosidade. O som distorcido das guitarras desperta-lhes a atenção (risos).
RA - Queres falar dos teus outros projectos musicais: bandas de tributo, dREstranhoAmor?
PM - Tenho os Pearl Band que é uma banda de tributo a Pearl Jam, que fundei me 2009 com o actual vocalista de Alcoolémia (João Beato), que tem a voz idêntica ao Eddie Vedder. O João é como meu irmão, e desde os 12 anos que tocávamos juntos, quase todas as músicas de Pearl Jam e pensámos em 2009 "porque não fazer um tributo?".
Em relação ao dREstranhoAmor, é outra banda de originais, onde fui convidado em 2006, se não estou em erro. Estamos neste momento em mistura do nosso segundo disco, que esperamos lançar no principio de 2019.
RA - Como é que entras, em 1999, para os Alcoolémia?
Era um sonho tocar numa banda como os Alcoolémia, ou aconteceu por acaso?
PM - Entro para os Alcoolémia em Novembro de 1999. O nosso ex-vocalista foi da minha turma no curso de música, e fez-me o convite sem sequer me ter ouvido tocar (risos). Tinha ouvido dizer que eu "dava uns toques" (risos).

Foi curioso porque eu nesse ano, no Verão, estava a passar
férias no Algarve e fui a uma loja de cd´s que existia na marina de Vilamoura e
comprei o primeiro disco, "Não sei se mereço", e andei o Verão todo a ouvir
Alcoolémia. Sempre tive o sonho de tocar numa banda que fosse reconhecida no
panaroma musical português, coisa que os Alcoolémia eram e bem.
RA - Qual foi o momento da tua vida que marca o teu futuro como músico? Aquele momento em que disseste "é isto que eu quero fazer"?
PM - Foi quando tinha 10 anos e peguei pela primeira vez numa guitarra acústica (que era do meu pai). Até aos 10 anos só tinha tocado piano, e quando passei para a guitarra, percebi que era o queria fazer para o resto da vida.
Eu sempre soube que queria viver da música, muito
cedo, desde que comecei a tocar piano
aos 6 anos, mas quando passei para a guitarra, foi o momento em que disse "é
mesmo isto que eu quero". Tive a hipótese
de ter ao dispor desde muito novo, uma bateria, guitarras baixos e
teclados num sótão na casa dos meus pais, o que me ajudou a evoluir
rapidamente. Não é de todo a profissão mais fácil em Portugal, mas é sem dúvida a
mais gratificante, pois faço aquilo que gosto e ainda ganho dinheiro (risos). Não
trocava por nada...

Muito obrigada Pedro Madeira. Ainda bem que não trocas "isto" por nada!
Rosa Soares (Rocky Rose)