BUNKER STORE - 4 anos de amor à música
A Bunker Store abriu portas, no centro do Porto, a 3 de Maio de 2014.
Localizada na Rua Passos Manuel (a Rua do Coliseu, como é mais conhecida),
integra o Centro Comercial Invictos, outrora um ex-libris da cidade.
Desempregados, Pedro e Manuel, viram na situação de ambos, a oportunidade de darem asas a um negócio onde a paixão que partilham cabia na perfeição.
Começaram a loja com o espírito do vinil, mas rapidamente, quer por questões de sobrevivência económica (tal como nos diz Manuel:"um negócio tem muitas despesas"), quer por solicitações do mercado, se expandiram para os CD's, cassetes e algum merchandising, como patches e t-shirts.

Num espaço pequeno, mas acolhedor e sempre cheio de gente simpática, encontram-se verdadeiras relíquias tais como demo-tapes, que fazem as delícias de colecionadores e fãs. Podem-se também encontrar títulos de pequenas editoras, que sem este espaço apenas se poderiam encomendar na internet. Numa rápida passagem de olhos, encontra-se Bakteria, Miss Cadáver, Alkateya, Machinergy, V12, Tarântula, Ramp, Attick Demons, e muitos outros, nacionais e internacionais.
Uma das políticas da loja é apoiar os pequenos eventos e as bandas nacionais mais desconhecidas ou menos divulgadas, pelo que é costume encontrar o Manuel ou o Pedro em festivais como o Barroselas, o Moita ou o Metal Keeper.
Em jeito de memórias de aniversário, o Rock In The Attick esteve à conversa com os dois "Bunker Men", o Manuel Fernandes e o Pedro Branco:
Rock - A loja surgiu num período em que ambos estavam desempregados. Foi um recurso ou uma paixão que encontrou o motivo e a hora certa para se manifestar?
Bunker - A paixão pela música já vem de há várias décadas tanto no meu caso, como no do Pedro. O Pedro já lidava um pouco com venda de material através de plataformas online e pontualmente feiras físicas. No meu caso, apenas ajudas pontuais a amigos em lojas. Ambos éramos coleccionadores de todos os formatos físicos musicais. A páginas tantas das nossas vidas e confrontados com o desemprego e alguma frustração com o mercado de trabalho, fomos obrigados a tomar uma atitude proactiva e procurar soluções. A ideal era trabalhar em algo que nos dissesse algo e que fosse apaixonante. A música era essa paixão. Então a solução era aliar a paixão ao negócio. Daí surgiu a ideia e desafiei o Pedro para a abertura da loja física.
Rock - A vossa localização é excelente, no
centro do Porto, mas a loja não é visível do exterior. Como é que as pessoas
vos conhecem, chegam até vós? (porque há sempre gente a entrar e sair da loja).

Bunker - Após uma procura exaustiva por um local onde pudéssemos colocar em prática o nosso objectivo da loja física, tarefa difícil, fosse pela localização longínqua, por falta de condições, ou devido aos preços proibitivos pedidos, cheguei a este shopping já aberto há algumas décadas, mas com a localização excelente no coração da cidade do Porto. Revelou-se uma escolha acertada em virtude dessa mesma localização. Apesar de não estarmos à face da rua, e de ainda não termos publicidade exterior, os clientes conseguem encontrar-nos, seja pela busca em sítios na net (ex: Heavy Metal Travel Guide, Vinylhub, Vinylhunt, Recordshops.org), ou uma simples busca do Google. De igual modo fazemos uma intensa campanha de promoção junto de festivais onde vamos com banca de venda (já fizemos mais de 100 nestes 4 anos) e a presença também em algumas feiras. Além disso as redes sociais, especialmente o Facebook, têm-se revelado uma ferramenta importante;
Rock - O Manuel disse que 10% das vossas vendas são cassetes. Como é que explicam isso?
Bunker - O fenómeno da venda crescente das cassetes - a passar ligeiramente os 10% actualmente - deve-se ao sentimento do coleccionismo. Os melómanos, especialmente os amantes do metal e rock, criam uma relação afectiva com o formato físico. E especialmente com as edições mais limitadas. A cassete tem essa particularidade, quase que desapareceu, mas tem vindo a ter um interesse crescente. Com edições recentes a multiplicarem-se, e em vários géneros musicais, mas sempre limitadas, o que as torna mais atractivas e cobiçadas. As antigas demo-tapes de época então...são uma verdadeira caça ao tesouro;

Rock - O vinil voltou a estar na moda. Apesar de a Bunker não ser uma loja de modas, sentiram maior procura desse formato?
Bunker - A par da cassete, o vinil - apesar de nunca ter desaparecido - também é um formato com procura e venda crescente. Igualmente é a relação afectiva do coleccionador com o objecto físico, aliado ao som mais puro e ao artwork maior, que o tornam mais atractivo. Edições de época e raridades também são de procura constante;
Rock - Aqui (na loja) encontramos algumas raridades, como por exemplo V12, o primeiro vinil de Tarântula ou o primeiro EP dos Attick Demons. Não querendo saber os vossos segredos, onde é que fazem as vossas "buscas"? Feiras, particulares, ...?
Bunker - As raridades, independentemente do formato são uma verdadeira caça ao tesouro, e exigem uma busca constante, que exige muita atenção e muitos contactos. Entre mim e o Pedro, conseguimos uma simbiose perfeita: enquanto que eu sou mais dado à procura física no terreno: feiras especializadas, feiras e lojas de artigos em segunda mão, o Pedro procura mais na internet;
Rock - Como definem a vossa loja?
Bunker - A loja além de um negócio, também é uma paixão. É indissociável, porque é essa paixão que nos move. Quem nos conhece e quem nos visita, sabe que gostamos muito de música, e tentamos que a loja seja um espaço onde as pessoas se sintam bem. Que venham não só para comprar, mas também para conversar sobre música, para nos apresentarem bandas que não conhecemos, músicos que apresentem os seus novos projectos, ou os seus novos lançamentos - e aqui a loja tem feito um trabalho meritório ao agendar muitos "Meet & Greets" com essas bandas, ou outras que estão em tournée e tocam na cidade do Porto. Resumidamente, é um ponto de encontros entre todos que partilham a paixão e lidam com música;
Rock - A Bunker está a completar 4 anos de existência. Qual o balanço que fazem destes 4 anos e como é que veem o futuro?
Bunker - Como todas as lojas independentes e consequentemente micro-negócios, tem sido difícil. Temos que batalhar muito, não só na loja, mas também e como já dito, marcando presença em muitos festivais e feiras - andando literalmente com "a casa às costas" - e promovendo igualmente nas redes sociais. Com muitos sacrifícios pessoais e financeiros, mas conseguimos manter a loja aberta estes 4 anos, e o objectivo é continuar, e singrar.
Rosa Soares (Rocky Rose)